A queda das criptomoedas e a liquidação do ouro mostram que os investidores não têm onde se esconder

CNN Business, Nova Iorque —

O impressionante colapso da corretora de criptomoedas FTX, uma startup considerada um unicórnio e recentemente avaliada em até 32 mil milhões de dólares, é apenas a mais recente má notícia para os investidores em bitcoin, ethereum e outros ativos digitais. Mas 2022 já era um mau ano para as criptomoedas antes do drama da FTX e da Binance rebentar.

Os preços do Bitcoin estão atualmente a rondar os 16.500 dólares, abaixo dos 20.000 dólares da semana anterior. Ainda assim, mesmo a 20.000 dólares, estaria muito longe dos pouco mais de 46.000 dólares negociados no último dia de 2021.

Os investidores que esperavam que o aumento das taxas de juro e da inflação beneficiasse os chamados ativos alternativos, como as criptomoedas e o ouro, provaram ter aprendido uma dura lição este ano.

Foram atingidos da mesma forma que as ações e obrigações, provando que não há realmente onde se esconder num mercado repleto de juros em alta e receios de recessão.

Os preços do ouro caíram cerca de 6% até agora este ano e estão agora a uma curta distância dos mínimos do início de 2020, no início do surto de coronavírus. O ouro, tal como o Bitcoin, disparou no segundo semestre de 2020 como um ativo de refúgio.

Então, o ouro e as criptomoedas podem recuperar? A força do dólar americano atingiu tanto os metais preciosos como as criptomoedas. Porquê comprar ouro ou ativos digitais quando o dólar provou ser o rei das moedas?

Alguns especialistas esperam que o pior para a Bitcoin e outras criptomoedas passe em breve.

O Bitcoin tem um histórico de oscilações bruscas

Esta não é a primeira vez que ocorre o chamado "inverno das criptomoedas". Os preços do Bitcoin têm sido voláteis nos últimos anos, mas ainda assim superaram muitos dos principais índices do mercado de ações.

Basta observar o preço do Bitcoin desde o verão de 2020. Apesar de uma trajetória instável, os preços do Bitcoin subiram mais de 80%. Em comparação, o Nasdaq subiu apenas cerca de 1% em relação ao seu nível de julho de 2020.

"A Bitcoin e a Ethereum tiveram os seus altos e baixos, mas ainda estão em alta significativa desde meados de 2020", disse Jeff Dorman, diretor de investimento da Arca, uma empresa de investimento em criptomoedas. "Os ativos digitais ainda estão a superar as ações tecnológicas a longo prazo."

A queda das criptomoedas também provocou uma queda acentuada nos preços das ações de empresas públicas relacionadas com a Bitcoin, como a Coinbase, as empresas de mineração de criptomoedas Hive (HVBTF) e Riot (RIOT), e o banco de Bitcoin Silvergate (SI).

O setor das criptomoedas está a exagerar como um todo?

No entanto, alguns analistas acreditam que é errado punir toda a indústria das criptomoedas pelos problemas da FTX. Como uma das maiores corretoras de criptomoedas, a FTX está à beira do colapso, levantando preocupações sobre a sua disseminação.

"Embora reconheçamos que o incidente da FTX possa pesar sobre o universo das criptomoedas no curto prazo, também acreditamos que a queda das ações da Silvergate... reflete um mal-entendido significativo sobre a mecânica da plataforma da empresa", disse Mark Palmer, chefe de pesquisa de ativos digitais da BTIG, em comunicado.

Um capitalista de risco especializado em bitcoin e criptoativos concordou que os problemas da FTX não prejudicarão todo o mundo dos ativos digitais.

"Os investidores não parecem preocupados com o impacto da FTX no futuro da bitcoin", disse Alyse Killeen, fundadora e managing partner da empresa de capital de risco Stillmark. Para tal, a sua empresa investiu recentemente na empresa de infraestruturas para bitcoin Hoseki, que conta também com o apoio da empresa-mãe da Fidelity.

Kkilleen acrescentou que os preços do bitcoin já estavam a cair mesmo antes da queda da FTX, sugerindo que as criptomoedas ainda não são uma proteção real contra a inflação e a valorização do dólar.

Isto pode mudar quando o bitcoin amadurecer. Mas, por enquanto, a adoção das criptomoedas ainda está numa fase inicial. Portanto, um dólar mais forte continua a ser um sinal de baixa para o bitcoin.

"O Bitcoin ainda é jovem. Ainda é uma nova forma de dinheiro, pagamento e reserva de valor", disse ela.